Ana Genezini e presidente da Fenacelbra debatem implantação de programa ao celíaco junto à Secretaria de Saúde
Secretária municipal Nádia Capovilla agendou reunião com corpo de funcionários para apresentação do tema
A vereadora Ana Genezini (PTB) se reuniu com a diretoria da secretaria de Saúde para definir o início dos trabalhos para a futura implantação da política municipal de atendimento e apoio ao portador de doença celíaca. Para tanto, esteve presente no encontro a presidente da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), Lucélia da Silva Costa, que traçou as diretrizes fundamentais para que a municipalidade se prepare para o atendimento ao celíaco. O portador dessa disfunção tem intolerância natural ao glútem, e seu único tratamento é a manutenção de uma alimentação especial, livre dessa proteína, geralmente de alto custo.
Ana Genezini e Lucélia Costa foram recebidas pela secretária municipal de saúde, Nádia Capovilla, pela diretora da pasta Regina Ligo, e pela diretora de assistência e atendimento Érica Pin Pereira. Após Ana Genezini ter proposto no plenário da Câmara a criação de um programa ao celíaco em Vinhedo, essa foi a primeira vez em que o tema foi debatido diretamente com uma das secretarias competentes para a execução do projeto. A ideia é que Vinhedo não só ofereça o serviço, mas que também se torne o município modelo de atendimento ao celíaco no país.
Em nível nacional alguns passos já foram dados para o desenvolvimento de uma política própria ao tratamento do celíaco. Em 2009, através de um esforço da Fenacelbra e das associações que a compõe, foi aprovado o protocolo clínico de atendimento ao celíaco no SUS, porém, tal conquista nunca foi aplicada, pois falta a aprovação do organograma de acompanhamento. Por fazer parte do Conselho Nacional de Saúde, a Fenacelbra conseguiu intermediar a aprovação de um comitê interministerial que permitiu o início de trabalhos voltados à assistência ao celíaco em âmbito federal. A Fenacelbra conta com 12 pesquisadores, entre brasileiros e estrangeiros, e é filiada ao movimento internacional de apoio ao celíaco.
Para dar segmento a esses avanços, Lucélia Costa crê ser fundamental que algum município desenvolva, de forma pioneira, um programa exclusivo de assistência total ao celíaco. Tal iniciativa promoveria a ação de outros entes federados, servindo como norte às demais administrações públicas.
Embora não sejam tão frequentes, em Vinhedo já foram diagnosticados alguns portadores de doença celíaca e, devido à falta de um protocolo de atendimento na rede municipal, os munícipes não recebem nenhum tipo de assistência preventiva, que seria a manutenção da alimentação sem glútem. A dificuldade do diagnóstico – o celíaco demora de 8 a 10 anos para ter um diagnóstico definitivo – e a complexidade do tratamento se não houver a prevenção básica, fazem com que a implantação de um programa municipal se torne urgente.
“O tratamento à doença é trabalhoso e com forte impacto financeiro, porém, se a alimentação não for a adequada, sem glútem, o celíaco pode desenvolver uma série de patologias de média à alta complexidade, como a hepatite autoimune”, explicou Lucélia Costa.
O programa vinhedense
Na reunião foram levantados alguns trabalhos que deve ser promovidos pela futura política municipal, em especial a parceria entre as secretarias de Saúde, Assistência Social e Educação, de modo que o munícipe seja assistido em diferentes áreas. Como exemplos, foram citadas a eventual disponibilização de monitores especiais nas escolas da rede municipal, com o intuito de impedir que a criança celíaca coma alimentos com glútem em algum momento de descuido; e a disponibilização de cestas alimentícias especiais, por parte da Secretaria de Assistência Social, aos diagnosticados com a doença.
Para dar início aos estudos, Nádia Capovilla pré-agendou uma reunião para o dia 8 de junho, na qual seria ministrado um seminário e realizaria um workshop ao corpo clínico da rede municipal de saúde (em especial médicos e nutricionistas) como forma de alertar esses profissionais sobre a doença, possibilitando o mapeamento de celíacos em Vinhedo. O seminário e o workshop seriam realizados por especialistas filiados às Acelbras (Associação de Celíacos do Brasil); no caso de São Paulo a Acelbra é ligada á Unifesp – Universidade Federal de São Paulo.
Nádia Capovilla se comprometeu a divulgar o encontro de junho aos municípios de Valinhos e Louveira, incorporando-os aos trabalhos, ampliando a área de diagnóstico dos celíacos. “O mapeamento é fundamental para que a municipalidade possa ter uma noção em relação ao número de casos existentes no município e com isso moldar sua política de assistência, inclusive subsidiando alimentação adequada aos celíacos”, afirmou a secretária.
Ana Genezini ainda espera que em um segundo momento seja realizado um trabalho que convoque as pessoas portadoras da doença celíaca a procurar a municipalidade para facilitar o registro e o mapeamento dos casos existentes na cidade. Para tanto, a parlamentar se dispôs a receber em seu gabinete os acometidos pela disfunção para que sejam encaminhados à rede municipal de saúde.
Para a vereadora esse é apenas “o primeiro passo de um grande trabalho que Vinhedo fará para o desenvolvimento da saúde na região e em todo o país, um exemplo de respeito à população”.
A doença celíaca, a intolerância ao glúten, proteína encontrada no trigo, centeio, cevada, aveia e malte, afeta muitas pessoas. Há muita dificuldade em encontrar alimentos apropriados para sua condição.
ResponderExcluir